
Esta semana assisti a uma das cenas mais desagradáveis de minha caminhada profissional. Em cumprimento a determinação superior compareci a uma reunião ordinária da Câmara Municipal na terça-feira, dia 13 de setembro, às 19 horas.
Após declarada aberta a sessão, em nome de Deus, o local, que deveria ser a casa do povo e tratar de assuntos de interesse da coletividade fora transformado em uma arena de gladiadores.
Por um lado, os trâmites protocolares e regimentais de uma reunião previamente agendada, seguindo o ritual oficial. Por outro, homens de preto alheios às intermináveis leituras de atas e expedientes que pautariam a reunião.
Formidavelmente, todos os vereadores compareceram, seja por cumprimento do dever, seja por interesses escusos de se fazerem ouvir pela transmissão da radio local, penetrando os lares e violentando a vergonha dos ouvintes que se dispuseram àquela tortura.
Sim, tortura! Horas ao som de microfones cuspidos diante do horror do melodrama representado, na lateral , quase a fazer chorar, tamanha a respeitabilidade proclamada por quem se veria, brevemente, desmascarado diante de todos os presentes.
Um pouco mais adiante, dedos em riste acompanhados de adjetivos nada elogiosos à excelência ofendida. Uma catarse!Todos falando ao mesmo tempo como em Babel, cada qual em sua língua.
Que ruflem os tambores!
Tivesse sido engraçado tudo o que se passou ali, o prédio poderia ser coberto por lonas coloridas e teríamos um grande circo. Claro que os palhaços seríamos nós! Mas como a cobertura é de laje, por pouco não se confirmava no local um hospício. Loucura o que se passava diante de nossos olhos e invadia nossos ouvidos.
Felizmente atitudes enérgicas e emergenciais foram tomadas a tempo e o microfone extasiado foi desplugado da caixa de som.
Diz o velho ditado que de médico e de louco todo mundo tem um pouco, mas alguns são avantajados nesse quesito. Em se tratando de uma reunião de excelências, poderíamos dispensar tanto o aspecto médico como o louco... Tenso isso!
E apesar da tensão, um certo alivio pairou no ar.
Quase sem condições de retorno a assembléia seguiu seu curso alem do normal até depois das 23 horas. Paranormal? Anormal?Nada normal.