Regina Célia é escritora, formada em Letras, membro da AMULMIG _ Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, autora dos Livros Gangorra e Ad versos, alem de crônicas publicadas em jornais e em posts.
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
QUE RUFLEM OS TAMBORES
Esta semana assisti a uma das cenas mais desagradáveis de minha caminhada profissional. Em cumprimento a determinação superior compareci a uma reunião ordinária da Câmara Municipal na terça-feira, dia 13 de setembro, às 19 horas.
Após declarada aberta a sessão, em nome de Deus, o local, que deveria ser a casa do povo e tratar de assuntos de interesse da coletividade fora transformado em uma arena de gladiadores.
Por um lado, os trâmites protocolares e regimentais de uma reunião previamente agendada, seguindo o ritual oficial. Por outro, homens de preto alheios às intermináveis leituras de atas e expedientes que pautariam a reunião.
Formidavelmente, todos os vereadores compareceram, seja por cumprimento do dever, seja por interesses escusos de se fazerem ouvir pela transmissão da radio local, penetrando os lares e violentando a vergonha dos ouvintes que se dispuseram àquela tortura.
Sim, tortura! Horas ao som de microfones cuspidos diante do horror do melodrama representado, na lateral , quase a fazer chorar, tamanha a respeitabilidade proclamada por quem se veria, brevemente, desmascarado diante de todos os presentes.
Um pouco mais adiante, dedos em riste acompanhados de adjetivos nada elogiosos à excelência ofendida. Uma catarse!Todos falando ao mesmo tempo como em Babel, cada qual em sua língua.
Que ruflem os tambores!
Tivesse sido engraçado tudo o que se passou ali, o prédio poderia ser coberto por lonas coloridas e teríamos um grande circo. Claro que os palhaços seríamos nós! Mas como a cobertura é de laje, por pouco não se confirmava no local um hospício. Loucura o que se passava diante de nossos olhos e invadia nossos ouvidos.
Felizmente atitudes enérgicas e emergenciais foram tomadas a tempo e o microfone extasiado foi desplugado da caixa de som.
Diz o velho ditado que de médico e de louco todo mundo tem um pouco, mas alguns são avantajados nesse quesito. Em se tratando de uma reunião de excelências, poderíamos dispensar tanto o aspecto médico como o louco... Tenso isso!
E apesar da tensão, um certo alivio pairou no ar.
Quase sem condições de retorno a assembléia seguiu seu curso alem do normal até depois das 23 horas. Paranormal? Anormal?Nada normal.
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Conversa Afiada
Em tempos modernos pouco se sabe sobre valores. Financeiramente falando ainda restam algumas noções , embora poucas. Mas os valores morais, familiares, fraternais, humanos, cadê? Aonde foram parar? Por que as famílias, as escolas, as empresas, a sociedade não conhecem mais os ditos valores, dos quais podemos citar a verdade, a retidão, a paz, o amor, a não-violência, o respeito, a ética? Oh anos de sexo, drogas e rock and roll... Era este o mundo de libertação tão sonhado?
É hora de acordar para uma existência mais humana, mais cidadã, mais patriota! Pais e filhos que não se respeitam, não respeitam o vizinho, não respeitam os professores, não guardam os ensinamentos dos mais velhos.
Guardar ensinamentos é algo muito cafona mesmo... O mundo de hoje é de transferências diretas em up load e informações instantâneas, em tempo real... Jus t in time... O que se guarda é obsoleto, não é mesmo?
Numa sociedade em que impera a violência, a mentira, a corrupção, o desamor, o desrespeito falar em valores morais, valores humanos pode parecer ridículo! Não me importo! Ridiculamente clamo, imploro, insisto para que pais, educadores, igrejas, polícias, poderes executivo, legislativo e judiciário se mexam!
Coisa linda uma criança pedir a bênção aos pais, tratar a professora com dignidade e respeito, reconhecer nas diferenças as semelhanças, marchar em 7 de setembro, fazer barquinhos de papel em dias de chuva...
No entanto, como a ética entrou em nave espacial e zarpou deste mundo, os noticiários não cessam de exibir pais que atiram filhos pela janela, bulling em todos os lugares, arrastões de crianças aterrorizando lojas nas grandes cidades...
As escolas tinham por meta a formação de homens e mulheres de bem e reprovavam, faziam repetir o ano até que se aprendessem as lições, oferecendo uma nova chance de ser “gente”, mas e hoje?Não reprovações... O sistema visa às estatísticas. Não se fala em educação sem falar em números, metas numéricas, índices. Alguém já viu a estatística dos cidadãos ativos e de bem formados para o mundo? Mas certamente já reconheceu, estampado nos jornais, o rosto de um conhecido que foi preso, foi morto ou foi agredido.
Boa parte das igrejas deixou de lado a espiritualidade e se tornaram alavancas sociais gritando pelos excluídos, pelos pobres, desvalidos... Aderiram ao Movimento dos Sem terra, sem teto, sem vergonha.
O que faz o mundo ser mais digno para se viver? Você já parou para responder a essa pergunta? Em que estamos contribuindo para que nossos filhos tenham um mundo melhor ou para que o nosso mundo tenha filhos melhores?
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