Regina Célia é escritora, formada em Letras, membro da AMULMIG _ Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, autora dos Livros Gangorra e Ad versos, alem de crônicas publicadas em jornais e em posts.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

ECO VIDA


Nariz escorrendo, pirulito tipo chupeta na Mao e um velho carrinho de plástico debaixo do braço. Assim seguia Buiú sua mãe. Catadora de materiais recicláveis que, por muito tempo, tirou do antigo lixão o sustento da casa.

Hoje a realidade é menos mórbida, mas não menos pesada. Ha tempos , deitara centenas de quilos de latinhas e papelão sobre sua femilidade. Não fossem uns brincos descascados a pender-lhe pelas orelhas, seria uma incógnita. O boné e o macacão lhe atribuíam um severo ar masculino.

Mesmo ciente de estar na crista da onda, vivendo de maneira ecologicamente correta, sua boca já não sorria e faltavam-lhe os dentes da frente. A propósito, apesar da idade recuada, Buiú também não os tinha.

O menino, porém, não temia os olhares sociais e punha-se a sorrir quando espetava a bunda de uma tanajura distraída, ou quando capturava mais um besouro para seu pequeno pelotão enclausurado na latinha de castanhas encontrada no galpão dos catadores. Buiú possuía alguns batalhões de formigas e uma caixinha de abelhas...
Mas a mãe desconhece o poderio do filho catarrento. Muitos bichinhos inocentes aguardam o seu comando.

Não, não é pecado! Pecado seria impedir que Buiú fosse general de seu exército.

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