Regina Célia é escritora, formada em Letras, membro da AMULMIG _ Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, autora dos Livros Gangorra e Ad versos, alem de crônicas publicadas em jornais e em posts.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Cheiro de Dindinha


Quando criança tinha um pequeno travesseiro que carregava comigo pra todo lado. Difícil deixá-lo em casa quando me matricularam no Jardim de Infância, mas dormir sem ele parecia coisa impossível. Era pequeno e tinha um cheiro inconfundível: era o cheiro de minha madrinha!

Não sei se fora ela quem me dera o pequeno travesseiro, mas mesmo depois de mais crescida, quando me fizeram trocá-lo por uma viagem e deram fim naquele pedacinho de pano acolchoado, enredava-me ao vestido de Dindinha para sentir-lhe o cheiro. Claro que ela nunca soube disso.

Maria era o seu nome. Maria Margarida. Simplicidade com nome de flor e cheiro de travesseiro.

No interior, como em Barão de Cocais onde vivo, era comum os afilhados tratarem as madrinhas por Dindinha e é claro pedir-lhes a bênção!

Dindinha abençoava-me a qualquer hora do dia ou da noite por tantas quantas fossem as vezes que eu passasse por ela.

No natal passado ganhei de minha irmã um travesseiro de macela. Bingo! Era esse o recheio do meu travesseiro de quando era criança... É o cheiro da minha madrinha.
Flor que habita os céus há alguns anos, lembro-me dela todas as noites. Cabelos cacheados, risada contagiante, cheiro de macela!

A Macela é um arbusto perene que atinge cerca de um metro de altura. As flores são amarelas, com cerca de um centímetro de diâmetro, florescendo em pequenos cachos. As folhas são finas e de cor verde-claro, meio acinzentada, que se destaca do restante da vegetação do campo. Suas propriedades terapêuticas incluem ações antiinflamatórias, calmante, antidiarreicas, bactericidas, antiespasmódicas, digestivas, relaxante musculares, tradicionalmente, verifica-se seu uso em recheio de travesseiros para crianças e adultos.

Abraço o meu travesseiro de macela e mato saudades da infância.
Abraço o meu travesseiro de macela e atiço saudades da infância.
Abraço meu travesseiro de macela e me aconchego, pequenina, no colo de minha madrinha.

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