Regina Célia é escritora, formada em Letras, membro da AMULMIG _ Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, autora dos Livros Gangorra e Ad versos, alem de crônicas publicadas em jornais e em posts.
sábado, 13 de agosto de 2011
Pó de ferro
Desde muito criança convivi com dois enormes jatobazeiros bem rentes à divisa de minha casa com a rua. Um cutucava o céu com frutos de dois ou três caroços, já o outro tinha os frutos pequenos, de um caroço só e era bem difícil de ser partido (não fosse o martelo de papai...)
Pois bem, cresci com as bochechas esticadas com um caroço de jatobá de cada lado e os dentes esverdeados e preguentos daquele pozinho com cheiro de ... de... Sei lá, acho que é de chulé!
As árvores davam a impressão que o quintal começava na frente da casa. Durante todo ano sujavam a rua, os jardins, as hortas e os telhados com quilos e quilos de folhas. Vez ou outra uma pedra se arriscava, vinda de não sei onde, pra derrubar um de seus frutos e esverdear os sorrisos dos garotos.
Sempre tinha alguém pedindo para retirar lascas da casca do pé de jatobá para algum daqueles remédios milagrosos.
Geralmente, essas árvores que curam formam feridas ao redor do tronco, que interrompem o fluxo de suas seivas e acabam morrendo... Deve ter sido isso que aconteceu com os jatobazeiros de minha infância. Não me lembro.
Mas lembro-me bem dos jatobazeiros e seus frutos... Isso me fez enveredar na net a procura de “pra que servem” e não é que têm muita serventia? O jatobá é considerado um fruto místico pelos índios da América Latina, sob a crença de que trazem equilíbrio para os desejos, anseios e sentimentos. Os cientistas comprovaram!Da sua casca é fabricado o velho e conhecido chá, que é exportado para a Europa e EUA com o nome de vinho de jatobá (estimulante e fortificante) e o pozinho “cheiroso” e comestível é rico em ferro e outros nutrientes.
Lembro-me também que em certa época do ano, as imensas árvores se enchiam de ramas de maracujá doces, mas mamãe não permitia que colhêssemos tais frutos, alegando que eram comida de cobra (crendice, é claro), mas uma prova irrefutável – quase irrefrutável!- da mãe natureza, que organizava frutos estimulantes e calmantes numa mesma copa, ambos ricos em ferro e outros nutrientes para uma infância saudável na antiga rua Belo Horizonte.
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Eu lembro do pé de jatobá, mas acho que gostava mesmo era da do monte de areia que tinha debaixo dele! Acho que areia servia para ganharmos uns bichos de pé e talvez uns vermes a mais! Mas sem dúvida o pó de ferro fez parte da nossa infância e nos fez mto bem!
ResponderExcluirBjs
Lucely