Regina Célia é escritora, formada em Letras, membro da AMULMIG _ Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, autora dos Livros Gangorra e Ad versos, alem de crônicas publicadas em jornais e em posts.
sábado, 23 de abril de 2011
Nos Bosques da Memória
As árvores de minha infância , trago-as de cor na memória... Os altos jatobeiros que abrigavam centenas de maracujás (doces visitantes folgados que se enredaram em suas copas e não quiseram mais deixar a hospedaria), as mangueiras, goiabeiras, abacateiros e laranjeiras de toda sorte que amadureciam o pomar no quintal de minha velha casa no bairro São Miguel. Havia também os limoeiros, a mexeriqueira candongueira , o pau-doce e o pé de marmelo, que nunca dera frutos, mas dessas últimas árvores eu não gostava muito. O marmeleiro nunca teve outra função que não a de fornecer seus flexíveis galhos finos para servirem de chibata a mim e meus irmãos à menor peripécia salutar da infância. Eta arvorezinha que não deixou saudades!
O mundo, no entanto, em pouco tempo se demonstrava bem maior que o grande quintal da minha casa e perto do bar do Seu Claudionor crescia o mais lindo pinheiro jamais visto naquelas redondezas... A Rua da Escola Coronel Câncio, na Vila Operária tinha as mais lindas e floridas patas-de-vacas. Não, não é exagero! Em nenhum outro lugar da cidade havia rua mais bonita e florida!Aliás, árvores que dessem flor mais bonita que aquelas, somente o pessegueiro da casa de Vó Dora e a margarida de árvore que cresceu perto do chiqueiro do quintal la de casa.
As árvores de minha infância permanecem apenas nos bosques da minha memória. Trago-as de cor... Que nada mais é que outra corruptela de nossa Língua (de cor= de coração) O que fora feito delas? Algumas viveram o quanto puderam e secaram de pé, como convém a toda árvore. Outras foram degoladas e ainda sangram em mim, como o velho pinheiro...
Ainda passo olhares furtivos pelas árvores de minha meia-idade... e tenho o privilégio das mais belas árvores, com nomes e sobrenomes, ao alcance de meu olhar. Cercam-me manacás floridos – mas a respeito desses falarei em outra ocasião - ipês protegidos por Lei Federal, flamboyants, paineiras e ela, a poderosa e deslumbrante acácia imperial! Um belo exemplar daquela que inspirou o terno poema de Guilherme de Almeida em A rua das rimas “e acácias paralelas, todas elas belas, singelas, amarelas,douradas, descabeladas, debruçadas como namoradas para as calçadas”. Acho que já não é viável confiar na memória as lembranças de tantas árvores... Será preciso fotografá-las para a posteridade, a fim de que não fiquem na memória apenas como uma natureza morta.
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Um ipê florido chama a atenção até dos mais insensíveis... Um ipê florido num texto poético é a pura sensibilidade!
ResponderExcluirLindas lembranças.
Breno Silva
ola celia como eu viajei na minha infancia que ja passou alguns anos mais com suas palavras eu me rejovelheci hj con tantas recordacaoes como e legal ter uma escritora para que nao deixa nossas memorias esquecidas eu estou feliz por ter o privilegio de poder recordadar td de novo en compania de suas cronicas bjs
ResponderExcluirj.rocha