Regina Célia é escritora, formada em Letras, membro da AMULMIG _ Academia Municipalista de Letras de Minas Gerais, autora dos Livros Gangorra e Ad versos, alem de crônicas publicadas em jornais e em posts.

sábado, 23 de abril de 2011

Pandalelê


Em que lugar desse vasto mundo foram parar as brincadeiras de criança do meu tempo de menina? Talvez no mesmo lugar onde se encontram os guarda-chuvas e sombrinhas perdidos, esquecidos nalgum canto... Às vezes relembro com certa saudade das pipas coloridas, dos jogos de queimada, pique-esconde, amarelinha, gangorras, bolinhas de gude, petecas de palha de bananeira, carrinhos de rolimã, pés-de-lata, pernas de pau, pião, ioiô, cabo de guerra, cavalinho de pau, pula corda, boneca, aviõezinhos e barquinhos de papel, cama de gato, cabra cega, bambolê, ciranda, escravos de Jô, cantigas de roda...casei
Haja tempo e memória para tantas lembranças! O corpo já velho se cansa de reviver mentalmente tantas brincadeiras, que faziam parte do cotidiano do meu pequenino mundo infantil... A memória, por vezes, trai a confiança que nela depositamos e muitas atividades passam mesmo desapercebidas, mas tiveram sua importância, afinal o que a memória ama se eterniza. (Certo, Adélia?)
Já não vemos mais que poucas peladas nos campinhos de várzea. Isso quando a criança ainda tem a sorte de morar perto de alguma área desabitada e que pode ser usada como m improvisado campo de futebol.
Subir em pés de fruta? Fazer piqueniques nos quintais? Caçar passarinhos? Nadar no Açude? Ah, isso são coisas tiradas de clássicos da literatura... Não há que se pedir que alguém com menos de quinze anos acredite que isso tenha existido.
Não consigo acompanhar também a rapidez das transformações tecnológicas, mas confesso que não sinto inveja alguma das atividades recreativas das crianças de hoje , que se divertem mesmo é com os games, celulares, MP sem número(11, 12??), os computadores de ultima geração, Iphones, Ipads, Ipods... Hummm Aipim cozido com manteiga e café quente é bom também!
Peço desculpas por toda uma geração que se vê incapaz de oferecer aos pequeninos um pouco do que tivemos num tempo não muito distante e que nos fazia tão bem, pois penso que eles – os pequeninos – também merecem.
Os céus ainda esperam pipas coloridas, as queimada ardem à espera dos brincantes, o pique-esconde anda escondido, a amarelinha amadurece a cada dia, as gangorras se balançam solitárias, as bolinhas de gude se enterraram deprimidas, as palha de bananeira sonham em virar petecas, os carrinhos de rolimã esperam a aposentadoria dos controles remotos, as latas aguardam para serem recicladas, pernas de pau hoje são os maus alunos das escolinhas de futebol, pião não é mais que um trabalhador braçal, ioiô é só um apelido, cavalinho de pau é trote proibido e perigoso em carro, bonecas – somente as que falam ou andam, aviõezinhos são... melhor pular esse. Cantigas de roda... Sim, essas ainda sobrevivem. Alguém tem que fazer alguma coisa para restituir, culturalmente, tanta riqueza. Vamos brincar de Pandalelê? Quem sabe o escolhido seja você ???

Um comentário:

  1. Também sinto saudades das brincadeiras antigas,quando brincar era divertimento garantido.

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